PORTUGAL

Portugal, esse glorioso país que um dia navegou pelos mares, descobriu mundos e espalhou naus pelos oceanos, hoje navega à deriva entre promessas eleitorais e salários que mal pagam o passe mensal. Diz-se que temos a “geração mais qualificada de sempre”, mas aparentemente o mercado interpretou mal e pensou que isso significava “geração mais estagiária de sempre”.

Os jovens, esses sonhadores profissionais, acreditaram que estudar abriria portas. E abriu sim: portas de call centers, portas de cafés em Londres e portas de quarto alugado a dividir com mais três “sortudos”. Afinal, estamos na “era da mobilidade europeia” — que bonito nome para a fuga de cérebros.

Enquanto isso, as glórias do passado são exibidas em museus e livros de História, como quem mostra fotos antigas para provar que já foi bonito. Hoje, resta-nos o Fado como banda sonora oficial da espera infinita por um contrato que não seja “a termo incerto”.

Portugal é o retrato perfeito da decadência: um país que vive preso ao seu passado glorioso, como um idoso que repete vezes sem conta a mesma história porque já não tem nada de novo para contar. Os jovens são elogiados como “o futuro”, mas tratados como descartáveis — carne barata para um mercado de trabalho que só lhes dá precariedade e salários de miséria.

O país formou gerações brilhantes, mas oferece-lhes duas opções: sobreviver aqui sem dignidade ou emigrar e enriquecer os outros. Chamam a isso mobilidade, quando na verdade é apenas exílio disfarçado.

Não há visão, não há estratégia, não há futuro. Só há retórica, promessas e uma elite política que vive confortável enquanto a maioria se afunda. Portugal já foi um país de navegadores; agora, é um país de sobreviventes cansados. A grande aventura já não é cruzar oceanos — é conseguir pagar a renda no final do mês.

Claro, dizem-nos: “não fiquem tristes, ao menos têm sol e mar!”. É verdade, e também temos sardinhas, fado, futebol, Fátima e pastéis de nata. Mas, se calhar, para quem ganha 800 euros, o pastel de nata vai-se tornando um luxo gourmet. No fundo, a esperança em Portugal é como o wifi público: aparece na lista, mas nunca chega a ligar.

O futuro? Esse é para outros. Por cá, continuamos a aplaudir a memória do Império enquanto ensaiamos o número mágico de sobreviver com o que sobra…

Por isso, aqui fica o desafio: se o passado já não nos serve e o presente nos deixa desiludidos, o que é que os portugueses — com a sua criatividade única, ironia natural e jeito para a sátira — podem inventar para mudar Portugal?

Ideias sérias ou absurdas, revolucionárias ou sarcásticas: vale tudo. O importante é não ficar calado.

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